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azuleazul

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Vazio

19.04.10 | Kita

 

NightSky.jpg Night Sky image by E_Garrett

 

My night... my underworld...

 

Hoje sentei-me no chão à noite, no vazio, no nada, sozinha... simplesmente a olhar o nosso céu de estrelas. Vi as nossas nuvens.

 

Não eram aquelas brancas que um dia sonhei. Era um céu triste, carregado de escuridão sem paz, sem a minha alma feliz.

 

Não corriamos. Não sorríamos. Não senti aquela paz que um dia te falei no íntimo das palavras...

 

Um dia foste o meu anjo. O anjo azul que me resgatou da floresta negra. Sem pedir. Despojado de tudo. Só suspirando. Eu tive medo, mas dei-te a mão e cheguei à nossa nuvem. Acabei por te dar tudo o que hoje sou e o que não sou.

 

Mas hoje, mais uma vez, trouxeste de novo aquela escuridão. Não a mesma, mas a mesma insegurança no amanhã, a mesma insegurança na vida, nos sonhos, na própria vida que me deste... no próprio amor que por vezes te esqueces num horizonte que já não se vê.

 

 

Fecho os olhos na escuridão como tanto gosto. Talvez para me encontrar de novo a mim mesma no meio de tantos recantos de incertezas. No meio de tanta estrela sem paz nem alma. Onde estás? Para onde voou o meu anjo? Quem me amou sem barreiras, paciente, crente na vida que eu não tinha.

 

As palavras fogem-me entre os dedos, entre os espaços de alma vazios. Vazios de ti. Vazios de nós. Alma fugida, perdida por caminhos que nem eu sei onde vão dar. Onde irei eu dar... onde iremos dar... onde estamos? Sinto-me vazia. Vazia de tudo o que me faz lembrar de ti. Vazia de sentimentos nobres, vazia de mim própria ao tentar encontrar-me em ti, encontrar-te em mim. Bocados dispersos de alma, de coração. Um vazio de nós! Vazio, vazio...

 

E, sem eu ter sequer pedido, as mesmas gotas escorrem por um rosto que já nem parece meu. Ainda serei eu?

 

...and suddenly I close my eyes. I try to find my way back again. In the middle of nowhere, in the middle of my sea. Where is my little angel? Where is my cloud, so white... where is my sea at the end of the day... I close my eyes, and suddenly... I'm back inside of me. Alone in the dark wood.

  

 

 

Hoje, mais de um ano depois de ter escrito aqui pela última vez, voltei a escrever, quando as circunstâncias me diziam para fazer exactamente o contrário. Soube hoje que houve uma certa pessoa que, sendo tão boa a escrever os seus pensamentos de tristeza, decidiu tomar suas as minhas palavras de forma tão literal que plagiou as minhas palavras neste post e levou-as a um concurso da escola. Deixou os professores tão orgulhosos da sua sensibilidade e escrita, que lhes deram o 1º lugar no concurso. 

 

Sorte a minha, felizmente houve alguém que não acreditou que fosse ela a escrever e, daí eu saber da história, porque, claro está, uma pesquisa no google - ferramenta maravilhosa - e as palavras mágicas da menina afinal tinham saído do meu blog que tenho há vários anos.

Não contente com tendo cometido um crime (sim, o plágio é crime!), ainda tem a grande lata (não tem outro nome!) de me acusar de ter sido eu a roubar-lhe o texto, quando o meu está neste blog desde 2006 e foi escrito bem longe dela (sendo eu de Coimbra, é difícil ir ao Porto copiar um texto... digo eu!...).

 

A atitude desta aluna é totalmente inadmissível! Sinto-me injuriada e injustiçada! Nem há palavras. Só espero que seja feita justiça e que os professores responsáveis tenham o bom senso de lhe retirar o prémio e de o dar ao verdadeiro vencedor, para além de uma repreensão séria a essa aluna. Sendo também eu professora, acho que devemos, enquanto educadores, incutir alguns valores e princípios nos nossos alunos e não compactuar com este tipo de atitudes e comportamentos que só denigrem ainda mais o nosso ensino.

 

Sandra Patrícia (Kita)

 

 

P.S.: Este post é dedicado à Marta Rodrigues. Obrigada pelas palavras de conforto e ânimo para continuar a escrever. São pessoas assim que me fazem querer voltar aqui a este cantinho e continuar a deixar por cá pedaços da minha alma enquanto ser frágil da vida... Obrigada por tudo. Apesar de não te conhecer, sei que és alguém especial. Isso não se vê, sente-se simplesmente. Também tu tens sensibilidade e alma de poeta... Já pensaste também tu aventurares-te por mundos da escrita? Palpita-me que seria uma boa aposta... ;) Gostei de ti. Mesmo. E não é fácil isso acontecer assim, quase do nada...