Falta de mim
Sinto-me presa nas entranhas da vida. A minha própria vida, que eu própria construí...
Sinto falta de respirar a liberdade que eu própria ajudei a tirar... Sentimo-nos mal quando a liberdade nos é retirada por outrém, mas ainda é pior quando sabemos que contribuimos para tal...
Sinto falta de vida.
Sinto falta de mim, dos meus sorrisos, que há já muito tempo não tenho conseguido mostrar neste sítio... Como poderei se me sinto ignorada, com espaço a mais que me tira a liberdade de ser eu?
Sinto falta da areia à beira-mar.
Sinto falta da paz que a brisa marítima me traz quando fecho os olhos e inspiro aquele ar. Quando ele me entra pelo nariz e preenche cada canto do meu ser. Aí consigo pensar, libertar-me, ser o meu eu perdido que só encontro lá e fora daqui.
Sinto falta de respirar e saber que não me vão criticar pelas palavras, pelos sentimentos. A vida aqui torna-se fechada num sem-sentido mergulhado de solidão e indiferença. Critico-me a mim própria, tantos porquês... tantas palavras que deveriam ter ficado só comigo. Seria livre?
Continuo a ser eu. Mas só quando parto. Quando posso respirar, correr e ter a minha liberdade...
Apagada... sou assim vista aos olhos de quem avalia como sou. Mas dentro de mim tenho uma luz brilhante... basta deixarem-me acendê-la.
Kita, 16 de Maio de 2007.